domingo, julho 12, 2009

Faça Sua Flauta Doce de Bambu



Fontes: Marek gold – “Bamboo Flutes
e Marc Bristol – Artigo - Mother Earth News

Construir o seu próprio instrumento musical pode ter sido (ou é) o fascínio de muitos afeiçoados, estudiosos e curiosos na área da música. Você terá agora, então, a oportunidade de fazer você mesmo a sua flauta-doce de bambu.A flauta que mostraremos como construir é afinada em Si bemol, e será muito fácil de tocar devido à proximidade dos dedos. Seria bom que você tivesse instrumentos de marcenaria disponíveis para executar este trabalho, tais como: serras, furadeira com brocas de diversas espessuras, limas de diversos modelos, grosa, lixas, formões/coifas.

Você necessitará de um pedaço de bambu com exatos 375mm de comprimento e 14mm de diâmetro interno, que não apresente rachaduras. As partes mais próximas ao chão são as melhores para a confecção das flautas. Lembre-se que quanto mais aproximado o diâmetro estiver dos 14mm, mais precisa ficará a afinação de sua flauta, ainda mais se tiver a intenção de tocar em conjunto.O bambu deverá estar maduro/seco, pois caso use bambu verde, sua flauta poderá rachar depois. Na falta de bambu maduro/seco, você poderá secar (“curar”) o bambu com uma tocha a gás. Este processo é melhor do que apanhar o bambu já seco, uma vez que, ao aquecer o bambu, a resina interna virá à tona, criando um verniz natural e impermeabilizando a flauta, além de tornar a madeira do bambu mais resistente à ação do tempo, praticamente indestrutível. Com a tocha acesa, vá expondo à chama e rodando o bambu, principalmente entre os nós, até perceber que está amarelando e soltando a umidade e resina.

CUIDADO! ESTE PROCESSO AQUECERÁ E MUITO A SUPERFÍCIE, PODENDO CAUSAR QUEIMADURAS SE TOCADO!
A coloração vai mudar do esverdeado para um amarelo-âmbar. Não deixe a resina secar, mas vá espalhando-a sobre a superfície da flauta até que seque. A umidade que estiver internamente começara pelas pontas, MUITO, MUITO QUENTE! Nas fotos o bambu foi seco (curado) e não colhido ao natural. Você poderá curar o bambu seco, mas o resultado poderá não ser o mesmo, pois já terá perdido a resina e umidade. As flautas de bambu “curado” têm uma maior durabilidade que as preparadas com bambu seco ao natural.Com uma furadeira elétrica e uma broca, você deverá remover todos os nós internos da peça de bambu a ser utilizada , prendendo-a, preferencialmente, em uma morsa, com muito cuidado para não rachar. Mova a broca para frente e para trás dentro do bambu até desbastar os nós o máximo possível. Pegue uma lima, (cilíndrica é melhor) e desbaste o que a broca não conseguiu remover, até deixar a parte interna a mais plana e lisa que puder, mas sem afinar a parede da flauta, pois se lembre que deverá ter 14mm de diâmetro. Se você partiu de um bambu verde, curado, deverá aguardar três dias para dar continuidade à confecção da flauta, para que o bambu seque de vez. Deixe a peça de bambu descansando em um lugar arejado e ventilado, ao abrigo do sol.

IMPERMEABILIZANDO
Para que a sua flauta não reabsorva a umidade retirada no processo de cura, ou mesmo se foi seca ao natural, será necessário impermeabilizá-la internamente. Para tanto, use óleo de linhaça bem aquecido e uma mecha de algodão, fazendo com que toda a parte interna fique bem calafetada com o óleo.
CUIDADO!! ÓLEO DE LINHAÇA AQUECIDO PODE CAUSAR QUEIMADURAS GRAVES!!

Caso você consiga um pouco de um produto chamado “seladora de madeira”, o resultado será ainda melhor. Neste caso, tome cuidado com o excesso do produto, pois é bem complicado para remover depois de aplicado. Aplique duas demãos, a segunda assim que a primeira estiver bem seca. Pode, e deve, ser feito no bambu colhido a seco também, pois a umidade ao soprar é bem elevada, causando condensação interna no tempo frio, comum em todos os instrumentos de sopro.

PREPARANDO O “BICO” DA FLAUTA
Você necessitará de um pedaço cilíndrico de madeira com 20mm de comprimento e exatamente com o diâmetro interno da flauta, recortado como na figura 2. Fica mais fácil prender um pedaço maior de madeira em uma morsa, fazer o recorte de 1mm com uma lima chata e depois cortá-lo na medida certa.Agora vem a parte mais delicada e complicada do processo, a qual exigirá de você toda a habilidade de um escultor: você deverá fazer a “janelinha”. O tamanho da janela poderá ter medidas aproximadas às requeridas, não sendo muito crítico uns milímetros a mais ou a menos. A única medida crítica é a distância do recorte, que deverá iniciar exatamente onde acaba a peça de madeira de 20mm, a qual será introduzida na ponta. Para fazer o recorte, você poderá usar, inicialmente, um estilete para marcar e parte externa, que é a mais dura, e depois, com um pequeno formão, destes que são vendidos de diversos modelos para esculpir madeira, cortará em ângulo para dentro da flauta, até atingir as dimensões aproximadas do diagrama. Aconselho que você treine este passo algumas vezes em um pedaço de bambu, pois assim você irá adquirir prática e treinar a melhor forma de fazer a “cirurgia” antes de encarar o “paciente” de verdade.Depois de feita a janela, você vai precisar fazer um chanfrado/rebaixamento na ponta da flauta, terminando exatamente onde inicia a janela. Introduza a peça de madeira na ponta do bambu, coincidindo os rebaixamentos, tendo certeza que está bem presa e sem espaçamentos, só que sem prendê-la por definitivo. Se tudo deu certo, algum som deverá ser produzido ao se soprar. Senão produzir som, retire a peça de madeira e vá ajustando o rebaixamento delicadamente com uma lixa até que comece a produzir som. Após este ajuste-fino, passe um pouco de cola nas peças e fixe-as por definitivo, tomando o cuidado para não entupir a abertura com cola. você verá como fica o bico da flauta já terminado. Perceba que a janela não ficou exatamente quadrada, pois o importante é produzir o som. Se você quiser dar um acabamento necessitará serrar diagonalmente a ponta da flauta, depois desbastar com o lado arredondado de uma grosa e lixar para dar acabamento.Opcionalmente, ao invés de fazer a parte de madeira rebaixada, rebaixar o bambu e preparar a janela, você poderá introduzir uma peça de madeira para tapar a ponta, fazer um furo meio oval no local da janela, e tocar a flauta como um pífaro (flauta transversal) caso você já possua tal habilidade. Use então a parte de madeira para auxiliar na afinação do instrumento.

FAZENDO OS ORIFÍCIOS E AFINANDO A FLAUTA
Se você cortou o bambu no tamanho certo, a nota a ser produzida ao se soprar a flauta deverá ser o Si bemol. Caso esteja abaixo da afinação, vá serrando e conferindo a afinação até que atinja a nota Si bemol. Agora você deverá marcar onde os orifícios serão feitos, conforme o diagrama da figura 7. Prender firmemente a flauta e fazer os furos, não se esquecendo de trocar as brocas para a medida aproximada, pois o ajuste fino poderá ser feito com uma lima-rabo-de-rato (cilíndrica e pequena) e com uma lixa enrolada. Teste a escala e vá dando o ajuste fino com a lima e lixa até que cada nota fique bem na afinação.Faça o acabamento nos orifícios, desbastando um pouquinho a borda, usando lima e lixas, para que fique bem tapado ao tocar.

Aí está a sua própria flauta feita de bambu! Se você tiver tempo (e muito bambu disponível) poderá ir testando outras afinações e tamanhos de flautas, fazendo os seus próprios experimentos.
Boa diversão!

segunda-feira, julho 06, 2009

EDWIN GORDON X KEITH SWANWICK - O ensino da Música

No ensino da música há diversas teorias, iremos trabalhar inicialmente com duas vertentes do pensamento da pedagogia musical. O primeiro é Edwin Gordon, “Toda a aprendizagem, e a música não é exceção, começa pelo ouvido e não pelo olho” Assim, para Edwin Gordon, é fundamental começar por ouvir música, de preferência de características diferentes, tendo como preocupação que ela seja executada por músicos de qualidade.
Para o pedagogo americano, a música a ouvir não tem que serde nenhum género específico. A teoria de aprendizagem musical de Edwin Gordon tem implícita a distinção entre aptidão musical e aquisição deconhecimentos musicais. Segundo ele, a aprendizagem musical deve ser adaptada aos diferentes níveis de aptidão musical de cada aluno. Deste modo, sentiu a necessidade de desenvolver: Testes de aptidão musical – destinados a avaliar opotencial musical do aluno para aprendizagens futuras.

Os testes de aptidão musical têm como objetivo principal diagnosticar para melhorar a instrução, adaptando-a às necessidades individuais.
“Todos podem fazer música, emboranem todos atinjam igual nível”
Edwin Gordon. Learning Sequences in Music: Skill, Content and Patterns. Chicago: GIA Publications,19932 Helena Rodrigues. Thank You, Doctor Gordon, in APEM Boletim n.º 88. Lisboa, 1996, pp. 8 - 141

Gordon critica o ensino tradicional que se dirige á mediania dos alunos, o que, em sua opinião, faz com queos mais fracos fiquem frustrados e os mais aptos desmotivados.“A forma como normalmente a música é ensinada é retrógrada; ensina-se como se foi ensinado, com muitos erros metodológicos” “a capacidade para ouvir e compreendermusicalmente quando o som não está, nem nunca esteve, fisicamente presente.
Para Edwin Gordon a verdadeira apreciação musical exige compreensão, no sentido de que aprender música é serguiado de forma a dar significado àquilo que se ouve. Perante o mesmo excerto musical pode exercer-se a capacidade de audiation em termos de compreensão tímbrica, harmónica, melódica ou rítmica.

Embora sem comunicação, a música não é uma linguagem, uma vez que não é imediata a associação entre som e símbolo. No entanto, o seu processo de aprendizagem deve ser idêntico ao processo de aprendizagem de uma linguagem. Neste contexto, ele dá especial relevância à imitação,pois considera-a a base do desenvolvimento da aprendizagemmusical e compara este processo de aprendizagem ao da aprendizagem de uma linguagem.

Uma criança deve compreender antes de repetir, não reduzindo, desta forma, a imitação a um processo exclusivo dedesenvolvimento da memória. Assim, o aluno deve ser capaz:
1.º ouvir fisicamente;
2.º ouvir interiormente;
3.º reproduzir os motivos que vai ouvindo.

Este processo vai-se tornando mais complexo à medidaque a aprendizagem vai avançando, o mesmo acontecendo coma consciência musical daquilo que se ouve.“Imitar é aprender através dos ouvidos dos outros. ” Toda a aprendizagem, e a música não é excepção, começa pelo ouvido e não pelo olho.”

O objectivo da teoria da aprendizagem musical de Gordon é ensinar aos alunos como compreender, através da audiation, a música que estão a ouvir, que já ouviram e que irão ouvir. Deste modo, o pensamento musical estará em vantagem sobre o pensamento acerca da música.

Para Gordon, a teoria da aprendizagem musical é evolutiva. Combina conhecimentos sobre aprendizagem musical sequencial, sobre aptidão musical e sobre audiation. Para que isto aconteça, os professores devem se envolver no processo de ensino e ensinar aos alunos aquilo que eles próprios necessitam de aprender. Devem-se considerar “professores estudantes”.
As actividades de aprendizagem sequencial constituem, pois, uma espécie de vocabulário musical que ajudam o aluno aencontrar a sintaxe daquilo que ouve.S equências da aprendizagem musical Na teoria da aprendizagem musical de Gordon há duas sequências de aprendizagem musical:

1- Aprendizagem sequencial de conteúdos melódicos(tonal content learning sequence), que inclui aaprendizagem sequencial de padrões melódicos;
2- Aprendizagem sequencial de conteúdos rítmicos(rhythm content learning sequence), que inclui aaprendizagem sequencial de padrões rítmicos.


KEITH SWANWICK tem uma abordagem expressionista dos objectivos principais da sua pedagogia. A música é abordada na sua vertente emocional. Para Swanwick a música é uma forma de cada um manifestar os seus sentimentos. A sua preocupação centraliza no desenvolvimento de uma educação estética que privilegie o relacionamento humano e contribua para um crescimento harmonioso de todos. A improvisação está inserida num conjunto de cinco postulados que se relacionam e completam entre si: C –composition (composição), (L) – literature studies (literatura sobre música ou literatura musical), A – audition (audição), (S) –skill aquisition (aquisição de competências) e P – performance(desempenho). A composição, audição e desempenho (C, A e P) pertencem à categoria de atividades de avaliação estética, enquanto que a literatura musical e a aquisição de competências são atividades cimentadoras das anteriores. Para Swanwick todo e qualquer conceito a ensinar deve passar pela realização de atividades de composição, audição apoiadas pela informação literária sobre o conceito e aptidões relacionadas com o conceito.
A improvisação deve, pois, estar sempre presente no ensino da música, podendo e devendo ser utilizada como forma de proporcionar aos alunos experiências ricas e criativas que lhes desenvolvam o sentido estético e lhes permitam encarar o mundo e a sociedade onde vivem de outra maneira.